Revalorização e destruição do Centro Histórico
O Centro Histórico passou por uma considerável revalorização logo após o começo do século XXI, nessa época começou-se a realizar várias reuniões, encontros e assembléias para se discutir políticas publicas de revalorização do centro histórico, todas movidas pelos moradores do bairro, grupos artísticos, IPHAN, Centro de cultura Domingos Vieira Filho, que sem dúvida vieram a contribuir para tornar o local um grande foco de resistência da cultura popular com a realização de diversas manifestações culturais na área. No local só pra se ter idéia, existe a proliferação das seguintes manifestações culturais: Capoeira, Tambor de Crioula, Samba de rua, Bumba-meu- boi, apresentações de Grupos folclóricos, bandas de Reggae e Rock, apresentações de espetáculos de Dança e Teatro, etc. Além da presença das seguintes tribos urbanas, denominação esta dada por uma nova vertente da Antropologia Social e da Sociologia que as colocam nessa categoria, sendo as mesmas representadas pelos seguintes Movimentos: Hip Hop, Baladeiros, Emos, Headbangers/Metaleiros, Hippie, Punk, etc. Isso tudo se concentra principalmente nos finais de semana, em especial na sexta- feira. O que se deve levar em consideração são os pontos positivos e negativos desta nova ocupação do Centro Histórico, o mesmo que no passado fora o centro comercial mais importante da Capital, ou seja, a área econômica mais desenvolvida, local de residência de grandes autoridades, ricos comerciantes e de grandes intelectuais que não pouparam esforços para criar e embelezar o acervo arquitetônico do mesmo. Há sem dúvida vários pontos positivos como a sua revalorização e grande ocupação, dentre eles estão: a utilização com espaço alternativo para divertimento, ponto de cultura, centro comercial, espaço de divulgação do turismo, desenvolvimento sustentável do artesanato e sua comercialização, venda e exposição da culinária maranhense, centro de manifestações folclóricas, entre outros.
É salutar a importância de museus como o Museu Histórico e Artístico do Maranhão que nos mês de julho oferece o projeto: Férias no Museu que durante todas as quintas feiras do mês de julho coloca em prática um conjunto de atividades que fazem parte do projeto. A iniciativa busca promover momentos lúdicos para crianças e jovens, com a apresentação de oficinas que serão realizadas para levar a alegria a crianças e adolescentes. Na programação, estão incluídas rodas de leitura, contações de história e jogos recreativos, com as pedagogas Núbia Ayres e Socorro Paixão, a atriz e arte-educadora Cris Campos e a especialista em Educação Infantil Meire Alves. Ainda como parte das atividades está o projeto Cinema no Museu, que traz a exibição de filmes no Teatro Apolônia Pinto. Há também O Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho que tem como objetivo referenciar, estimular e divulgar a produção material e não-material da cultura popular maranhense, bem como apoiar o seu desenvolvimento. Nessa linha de atuação, o incremento e fortalecimento do ensino e da pesquisa na área da cultura popular e o fomento a parcerias, patrocínios e intercâmbio para divulgar e evidenciar a nossa cultura popular são as linhas básicas que norteiam a atuação do CCPDVF. E como parte de suas ações, desenvolveu diversos projetos de integração Museu-Escola, de capacitação de jovens e de pesquisa. Através dos projetos: A Arte do Bordado na Indumentária e Couro do Bumba-meu-boi, Brincadeira Tem Hora, Memória de Velhos, Pesquisa e Avaliação de Grupos Juninos, Sabença: Museu-Escola Saber Ser, Saber Fazer. Já o Centro de Cultura Matroá comandado pelo Mestre Marco Aurélio oferece atividades de Capoeira, Tambor de Crioula, Oficinas de Cultura Popular e Artes Plásticas, cria projetos sociais que levam as crianças que são moradoras do Centro Histórico a realizarem atividades culturais para a fomentação da arte. Nos teatros Artur Azevedo, João do Vale, Alcione Nazaré é realizado a Semana Maranhense de Teatro que acontece em março em comemoração ao dia internacional do teatro que é dia 27 de Março e a Semana Maranhense de Dança realizada em Abril em comemoração ao dia internacional da Dança que é apreciado no dia 29 de Abril.
Todos esses projetos utilizam as imediações do Centro Histórico como a Praça Nauro Machado, as escadarias, ruas, becos e os espaços públicos do local. Podem-se identificar vários pontos negativos nesta revalorização, e estes por sua vez são mais fáceis e rápidos de serem identificados, pode-se destacar o aumento do tráfico de drogas, consumo exagerado de bebidas alcoólicas, prostituição, exploração sexual de crianças e adolescentes, depredação do patrimônio histórico, violência e roubo. O que se observa é que houve um aumento considerado de pessoas que freqüentam o local e que o poder público não ofereceu nenhuma garantia de segurança, de preservação, infra-estrutura, e fiscalização. Os casarões e praças estão sendo pinchados, depredados, servindo de banheiro público, ponto de venda de drogas, exploração de mão de obra infantil e de exploração sexual de crianças e adolescentes. E o mais crítico é que não se ver nenhuma entidade pública ou particular tomar providência com relação a isto tudo, o que ainda é mais interessante é que tudo é praticado ao ar livre, e nenhuma entidade ou órgão público toma se quer uma providência para coibir esses atos que geram mazelas. Será que devemos esperar das autoridades competentes alguma resposta? Ou devemos desde já mudar essa realidade de abandono e descaso com o que temos de mais importante que é a nossa vida, a nossa cultura, a nossa memória, o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, ou seja, a nossa História. Sabemos da importância da revalorização que o local ganhou nos últimos anos, sabemos que isso é bom, mas compreender que nem tudo está bem é de fato a melhor maneira de preservarmos o que temos de glória material arquitetônica . Se não valorizarmos o nosso Patrimônio Imaterial, nos surpreenderemos ao abrir nossos olhos, não veremos mais nada a não ser a destruição por causa da nossa omissão. Pois entendo que temos que assumir uma postura crítica, construtora e prática que nos ofereça alternativas para conservarmos o nosso Patrimônio Histórico e Cultural.
Alex Costa