''Há homens que lutam um dia e são bons.
Há outros que lutam um ano e são melhores.
Há os que lutam muitos anos e são muito bons.
Porém há os que lutam toda a vida.
Esses são os imprescindíveis.''


Bertolt Brecht

sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

O Início da História como Ciência; Principais argumentos



O grande desenvolvimento no campo da Historia deu-se especificamente em meados do século XIX, nessa época a historia emergiu com grandes pensadores que foram fundamentais para o desenvolvimento de sua área.
A partir dos estudos feitos por esses intelectuais a História elevou-se ao status de ciência. Dentre os pioneiros dessa mudança no processo de desenvolvimento do conceito. Destacaram-se Von Humboldt (1767-1835) e Von Ranke (1795-1886), os quais possuem seus principais argumentos e teorias discorridos a seguir.          
   O século XIX para o campo da historia viu emergir dois grandes pensadores que foram fundamentais para o desenvolvimento desta área, enquanto ciência, Humboldt e Ranke. Apresentando e dissertando sobre  os principais argumentos desses dois historiadores, entenderemos melhor  o papel da historia enquanto ciência.
O grande desenvolvimento do campo na historia deu-se especialmente no século XIX, com o surgimento de intelectuais que elevaram através dos seus estudos, a historia ao status de ciência. E dentre os pioneiros desta mudança no processo de desenvolvimento do conceito da historia destacam – se Von Humboldt (1767-1835) e Von Ranke (1795-1886), os quais terão seus principais argumentos e teorias discorridas nesta narrativa.
Wilhelm Von Humboldt é um pensador que durante o século XIX inovou com suas reflexões sobre o conceito de historia e do oficio do historiador, modificando conceitos já estabelecidos.
Humboldt inicialmente desenha a imagem do ofício do historiador apresentando o que ele não deveria ser, no caso em questão, um historiador passivo (receptivo e reprodutor) que se limita em reproduzir os fatos, acreditando que esta sua tarefa. Delineia que a tarefa do historiador consiste na exposição do acontecimento. Entretanto, a verdade deste acontecimento baseia-se na complementação a ser feita pelo historiador na parte invisível do fato. Pois o acontecimento só é visível parcialmente, precisando o restante ser intuído, concluído e deduzido. Tendo o historiador, assim como um poeta, utilizar-se do recurso da fantasia (aqui entendida como faculdade de intuição) para compor um todo a partir de um conjunto da fragmentação. Deste modo “o historiador é autônomo, e até mesmo criativo, (...) na medida em que sua própria força dá forma ao que realmente é algo impossível de ser obtido sendo meramente receptivo.”
Nos seus estudos destaca-se a reflexão acerca de três dimensões: a política, a pedagógica e a filosófica. Com sua obra “Ideias para um ensaio que determine os limites da ação do Estado” (1792) Humboldt contribuiu para a história da idéia política. Esta obra caracteriza-se pelo liberalismo político, e na originalidade da investigação em perguntar pela finalidade do Estado, sua utilidade. Levando a uma mudança de sentido do próprio Estado, o qual não pode cumprir a responsabilidade de responder tal questionamento, visto que “toda finalidade só pode ser estabelecida em âmbito privado.”
Em relação a religião Humboldt defendia a separação dessa com o Estado, para que assim se torna realmente universal, sendo um meio de formação. Pois, “a religião era apenas um meio de opressão”. Com esse rompimento ocorreria à perda do apoio dado pelo poder político estatal, encontra partida seu avanço se daria pelo fato de se tornar um poder de formação independente.
Humboldt utiliza a Filosofia (buscar o fundamento primordial das coisas) para seus estudos, mas atenta para o fato de que “a filosofia dita um objetivo aos eventos, e assim, esta busca por causas finais, sejam elas deduzidas da essência da natureza ou do próprio homem, perturba e falsifica toda visão livre sobre a ação própria das forças.
No âmbito pedagógico lutava pela reforma na Universidade de Berlim. Criticando a importância que era direcionada as faculdades superiores úteis ao Estado (como o Direito, e a Medicina), em detrimento das demais, com concepções idealistas, por vezes mares reproduções.
Nos perfis das obras Humboldtianas encontramos uma variedade de perspectivas, que segundo o autor era necessário respeitarem essa diversidade, sem ter a preocupação de resolver as controvérsias, pois acreditava piamente que só na contradição o sujeito é considerado seriamente, ressaltando sua existência.
 Esse princípio fundamental difundiu que nos homens e na sua história vive, age e se realiza gradualmente a forma ou o espírito da humanidade, tendo-o como ideal e critério do valorativo de toda a individualidade e de toda a manifestação humana. Direcionando o eixo de formação do homem que deixa de ser político e passa a ser guiado pela arte.

Outro grande autor a ser comentado e que se destacou nos estudos desses temas é Leopold Von Ranke que, na sua obra “O Conceito de História Universal” (1831), contribui de forma decisiva a conceitualização de historia e a sua definição como ciência a partir do momento que procura afastar, ou pelo menos diferenciar a História da Poesia e da Filosofia, “no fato de que de maneira análoga, elas (poesia e filosofia) se movimentam no plano do real (...) por causa de seu próprio material, dado e condicionado pela empiria”.

Nessa mesma obra Ranke apresenta as exigências que resultam para a pesquisa histórica, quando a História busca se desvencilhar da filosofia, apresentando os seis eixos desse principio histórico.
O amor a verdade, que é recolher nosso objetivo mais elevado no evento, evitando usar da nossa imaginação para nos antecipar ao objeto, pois “estaríamos trabalhando contra ele, estriamos reconhecendo apenas o reflexo de nossas teorias e de nossa imaginação”.
Uma investigação documental, pormenorizada e aprofundada, dedicando-se ao próprio fenômeno, suas condições, seus contexto para assim alcançar o conhecimento da sua essência.
Um interesse universal, pois os campos se dão apartados um do outro, mas estão sempre articulados e até mesmo condicionando-se mutuamente, é necessário dedicar um interesse uniforme a todos eles.
A fundamentação do nexo causal, pois na seqüência entre os distintos eventos um nexo, que se toca e influência mutuamente. “o precedente condiciona o posterior”, existindo uma articulação intima entre causa e efeito.
O apartidarismo manifesta-se entre dois partidos que se defrontam um com o outro, uma disputa distinta, mas que mantém um parentesco intimo.
A compreensão da totalidade, “trata-se de algo vivo, e assim aprendemos sua manifestação: nós percebemos a seqüência das condições que tornam um fator possível por intermédio do outro”.
A partir das análises de suas concepções percebe-se que de forma geral Ranke defendia a necessidade da objetividade nos estudos históricos, um tema considerado espinhoso; concordava com a premissa que a “política arruína a Historia”. Seu pensamento histórico estava fortemente marcado pela tríade: religião (onde “as verdades religiosas estão para alem de qualquer empiria; e não esta ao alcance do método histórico – a solução encontrada para está teodiceia foi a expulsão de Deus do plano da Historia”), e a Filosofia (se aproxima do fenômeno em si mesmo, tal como ele se manifesta) e a política.
Nas reflexões sobre a dimensão artística do trabalho historiográfico demonstra a influência de Humboldt, demonstrando a relação existente entre os estudos desses intelectuais que contribuíram para o processo de desenvolvimento do conceito de Historia.


Rakell Rays

sábado, 1 de janeiro de 2011

Cidade: reflexo dos homens

''Por meio dos conflitos urbanos é possível ler a cidade. Qualquer cidade pode ser estudada por sua arquitetura, por seus dados demográficos ou econômicos. Ao observar os conflitos urbanos, porém, é possível perceber como os diferentes setores e grupos da população se relacionam com a cidade e com as políticas governamentais. É uma forma de estudar não apenas os aspectos objetivos da cidade, mas também a subjetividade, aquilo que move citadinos(as) a se manifestarem.

     A cidade do Rio de Janeiro, como toda grande cidade capitalista, é profundamente marcada pela desigualdade. À desigualdade econômica se somam outras formas específicas de desigualdade, entre elas a urbana. As mudanças que ocorrem cotidianamente na cidade afetam de forma diferenciada os grupos sociais.

  Aqueles que têm maiores possibilidades de escolha quanto ao local de moradia, quanto aos meios de transporte a serem usados ou que podem pagar por serviços privados de saúde e educação, por exemplo, têm melhores condições de adaptação às mudanças da e na cidade.

  Muitas vezes, as pessoas mais pobres, mais dependentes do transporte coletivo e de determinados serviços públicos (como hospitais e escolas), enfrentam, em condições desfavoráveis, a disputa pela ocupação de espaços na cidade. De maneira recorrente, acabam se transformando nas vítimas dos processos de transformação e modernização da cidade.

      Mas não apenas a cidade se apresenta como um espaço física e morfologicamente desigual. Também a cidade é percebida de formas diferenciadas pelos grupos da população.

    Embora muitas percepções e problemas sejam comuns, é também inegável que moradores(as) da zona sul se manifestam por problemas diferentes que moradores(as) da zona norte e que moradores(as) de favelas se manifestam de forma diferente que as pessoas do asfalto. Essas diferenças expressam necessidades diferentes, relações distintas com o poder público e com a própria cidade.''



Rio de Janeiro






Texto retirado do site :

:http://www.cidades.gov.br/secretarias-nacionais/programas-urbanos/biblioteca/reabilitacao-de-areas-urbanas-centrais/textos-diversos/conflitos-urbanos-retratos-da-vida-na-e-da-cidade/


  
              Uma clara aproximação da cidade com seus moradores é percebida  a partir das conclusões do texto acima. Trabalhando em minha pesquisa sobre uso e ocupação do solo de São Luis e São José de Ribamar, percebo as nuances da manifestação  da população na sua própria cidade. Entretanto, o que é  cidade? O que é o meio Urbano? O espaço onde pessoas ficam aglomeradas e na convivência acabam por aderir as inovações e a absorver padrões sem pensar sobre eles?  Numa visão marxista, seria fruto do capitalismo gerado pelas necessidades que o mercado impõe desde  a revolução industrial?


                                           Representação de cidade na Revolução Industrial

           
               A cidade é fruto da confluência de elementos culturais, sociais, econômicos etc., que juntos num mesmo ambiente se sobrepõe aos outros, determinam as relações, e coordenam todo um espetáculo de empreendimentos,  construções e arte. A cidade é o urbano, elemento que define a atmosfera citadina, ou seja a maneira de se viver na cidade, a maneira de ser da cidade. Este elemento a define por elementos puramente pragmáticos, geográficos, mas também  por elementos que vão além de fronteiras.

             As cidades são sobretudo espaços onde ocorrem grandes eventos, onde há cultura em profusão, religiosidade e expressão das pessoas. São espaços puramente antropológicos e sociais. Em outras palavras a arquitetura, o traçado da cidade, a maneira como ele se modifica, a maneira como cresce,  o que absorve de fora, e o que não absorve, dizem muita coisa sobre as pessoas que ali residem. As cidades crescem não só devido as necessidades pertinentes do comércio, do capitalismo, mas principalmente por motivos muito humanos, intrapessoais e interpessoais que sempre trazem o novo.  Essa é a grande necessidade do homem. A necessidade de mudança . A necessidade da inovação, da constante construção. A cidade é com certeza a materialização dessa necessidade.
              
              O texto acima é uma espécie de protesto a respeito das desigualdades e dos problemas enfrentados pelos moradores das cidades que não conseguem conciliar a necessidade deste crescimento que flui, que é constante e inevitável, com os problemas sociais que ainda persistem. Problemas de estrutura, de espaço, de saneamento básico, crescimento demográfico, pobreza etc. Estes elementos ainda deixam muitas cidades brasileiras evidenciadas pelos problemas que são da população e do governo. A cidade é a manifestação do que nós somos. De uma forma ou de outra, por mais que hajam problemas naturais que prejudicam a estrutura da cidade, nós somos responsáveis pelo ambiente que fazemos, pois interferimos nele.
            
             É através da leitura da cidade que enxergamos o maranhense, o mineiro, o paulista. Pela maneira como a cidade foi feita e pela forma que esse feito volta a interferir nas pessoas, é qe podemos entender mais sobre nós e sobretudo poderemos entender a nossa História!



   
 Centro Histórico de Salvador
    

Foto do Elevador Lacerda, ponto turístico de Salvador; Imagem de Tiago Celestino.


Aimée Aguiar Bezerra