''Há homens que lutam um dia e são bons.
Há outros que lutam um ano e são melhores.
Há os que lutam muitos anos e são muito bons.
Porém há os que lutam toda a vida.
Esses são os imprescindíveis.''


Bertolt Brecht

terça-feira, 23 de novembro de 2010

Valorização do Patrimonio Histórico

Revalorização e destruição do Centro Histórico
  O Centro Histórico passou por uma considerável revalorização logo após o começo do século XXI, nessa época começou-se a realizar várias reuniões, encontros e assembléias para se discutir políticas publicas de revalorização do centro histórico, todas movidas pelos moradores do bairro, grupos artísticos, IPHAN, Centro de cultura Domingos Vieira Filho, que sem dúvida vieram a contribuir para tornar o local um grande foco de resistência da cultura popular com a realização de diversas manifestações culturais na área. No local só pra se ter idéia, existe a proliferação das seguintes manifestações culturais: Capoeira, Tambor de Crioula, Samba de rua, Bumba-meu- boi, apresentações de Grupos folclóricos, bandas de Reggae e Rock, apresentações de espetáculos de Dança e Teatro, etc. Além da presença das seguintes tribos urbanas, denominação esta dada por uma nova vertente da Antropologia Social e da Sociologia que as colocam nessa categoria, sendo as mesmas representadas pelos seguintes Movimentos: Hip Hop, Baladeiros, Emos, Headbangers/Metaleiros, Hippie, Punk, etc. Isso tudo se concentra principalmente nos finais de semana, em especial na sexta- feira. O que se deve levar em consideração são os pontos positivos e negativos desta nova ocupação do Centro Histórico, o mesmo que no passado fora o centro comercial mais importante da Capital, ou seja, a área econômica mais desenvolvida, local de residência de grandes autoridades, ricos comerciantes e de grandes intelectuais que não pouparam esforços para criar e embelezar o acervo arquitetônico do mesmo. Há sem dúvida vários pontos positivos como a sua revalorização e grande ocupação, dentre eles estão: a utilização com espaço alternativo para divertimento, ponto de cultura, centro comercial, espaço de divulgação do turismo, desenvolvimento sustentável do artesanato e sua comercialização, venda e exposição da culinária maranhense, centro de manifestações folclóricas, entre outros. 
  É salutar a importância de museus como o Museu Histórico e Artístico do Maranhão que nos mês de julho oferece o projeto: Férias no Museu que durante todas as quintas feiras do mês de julho coloca em prática um conjunto de atividades que fazem parte do projeto. A iniciativa busca promover momentos lúdicos para crianças e jovens, com a apresentação de oficinas que serão realizadas para levar a alegria a crianças e adolescentes. Na programação, estão incluídas rodas de leitura, contações de história e jogos recreativos, com as pedagogas Núbia Ayres e Socorro Paixão, a atriz e arte-educadora Cris Campos e a especialista em Educação Infantil Meire Alves. Ainda como parte das atividades está o projeto Cinema no Museu, que traz a exibição de filmes no Teatro Apolônia Pinto. Há também O Centro de Cultura Popular Domingos Vieira Filho que tem como objetivo referenciar, estimular e divulgar a produção material e não-material da cultura popular maranhense, bem como apoiar o seu desenvolvimento. Nessa linha de atuação, o incremento e fortalecimento do ensino e da pesquisa na área da cultura popular e o fomento a parcerias, patrocínios e intercâmbio para divulgar e evidenciar a nossa cultura popular são as linhas básicas que norteiam a atuação do CCPDVF. E como parte de suas ações, desenvolveu diversos projetos de integração Museu-Escola, de capacitação de jovens e de pesquisa. Através dos projetos: A Arte do Bordado na Indumentária e Couro do Bumba-meu-boi, Brincadeira Tem Hora, Memória de Velhos, Pesquisa e Avaliação de Grupos Juninos, Sabença: Museu-Escola Saber Ser, Saber Fazer. Já o Centro de Cultura Matroá comandado pelo Mestre Marco Aurélio oferece atividades de Capoeira, Tambor de Crioula, Oficinas de Cultura Popular e Artes Plásticas, cria projetos sociais que levam as crianças que são moradoras do Centro Histórico a realizarem atividades culturais para a fomentação da arte. Nos teatros Artur Azevedo, João do Vale, Alcione Nazaré é realizado a Semana Maranhense de Teatro que acontece em março em comemoração ao dia internacional do teatro que é dia 27 de Março e a Semana Maranhense de Dança realizada em Abril em comemoração ao dia internacional da Dança que é apreciado no dia 29 de Abril.
 Todos esses projetos utilizam as imediações do Centro Histórico como a Praça Nauro Machado, as escadarias, ruas, becos e os espaços públicos do local. Podem-se identificar vários pontos negativos nesta revalorização, e estes por sua vez são mais fáceis e rápidos de serem identificados, pode-se destacar o aumento do tráfico de drogas, consumo exagerado de bebidas alcoólicas, prostituição, exploração sexual de crianças e adolescentes, depredação do patrimônio histórico, violência e roubo. O que se observa é que houve um aumento considerado de pessoas que freqüentam o local e que o poder público não ofereceu nenhuma garantia de segurança, de preservação, infra-estrutura, e fiscalização. Os casarões e praças estão sendo pinchados, depredados, servindo de banheiro público, ponto de venda de drogas, exploração de mão de obra infantil e de exploração sexual de crianças e adolescentes. E o mais crítico é que não se ver nenhuma entidade pública ou particular tomar providência com relação a isto tudo, o que ainda é mais interessante é que tudo é praticado ao ar livre, e nenhuma entidade ou órgão público toma se quer uma providência para coibir esses atos que geram mazelas. Será que devemos esperar das autoridades competentes alguma resposta? Ou devemos desde já mudar essa realidade de abandono e descaso com o que temos de mais importante que é a nossa vida, a nossa cultura, a nossa memória, o título de Patrimônio Cultural da Humanidade, ou seja, a nossa História. Sabemos da importância da revalorização que o local ganhou nos últimos anos, sabemos que isso é bom, mas compreender que nem tudo está bem é de fato a melhor maneira de preservarmos o que temos de glória material arquitetônica . Se não valorizarmos o nosso Patrimônio Imaterial, nos surpreenderemos  ao abrir nossos olhos, não veremos mais nada a não ser a destruição por causa da nossa omissão. Pois entendo que temos que assumir uma postura crítica, construtora e prática que nos ofereça alternativas para conservarmos o nosso Patrimônio Histórico e Cultural.

Alex Costa

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

Deusa clio

  

   Depois de muitas discussões ''filosóficas'', e profunda reflexão sobre qual título poderia melhor  caracterizar este intento, conseguimos finalmente entrar em consenso. (ufa!)   E inaugurando o Deusa clio nada mais conveniente do que homenagearmos CLIO: a musa da História e da Criatividade.
   As musas, filhas de Zeus, eram nove deusas das artes e das ciencias na mitologia grega. Sua mãe era Mnmósine a deusa da memória. A palavra musa  vem do grego "mousa" e dela deriva museu que, originalmente significa "templo das musas". Segundo os mitos antigos todas estas filhas de Zeus, ficavam no monte Parnaso cantando e tinham todo o poder de afastar a dor e a tristeza, sendo invocadas todas as vezes que escritores, artistas e etc. precisavam delas para serem bem inspirados. É mérito de Clio a introdução do alfabeto Fenício na Grécia e o grande fruto que  a lembrança traz : A História. O próprio Heródoto, Pai da História, dedicou a clio 9 livros.
  Clio também divulga e celebra as realizações. Representada como uma jovem coroada de Louros, traz na mão direita uma trombeta e na esquerda um livro, cujo título é Tucídedes (historiador da Grécia Antiga).Também é considerada a inventora da guitarra.
  A representação e importancia da Deusa Clio não é mera referência ilustrativa, mas sim um chamado a abordagens de História Social e cultural. O livro que Clio carrega, nos remete a escrita da História, a historiografia, ao relato das realizações : a necessidade do registro, para a análise, para o conhecimento do que foi ou resultará o acontecimento histórico. E a trombeta de clio faz referência a anunciação, a fama do acontecimento, da História.

 
 A deusa clio por Vermeer



 A responsabilidade do historiador
 
   
   Entre tantos devaneios bobos do ser ou não ser um historiador, nos encontramos duvidosos, receosos quanto a nossos destinos e história academica. Conhecendo com afinco, sem reservas procurando nas entrelinhas tudo que os autores mais célebres não disseram em seus textos, apesar do que eles disseram...Virando e revirando reflexões, a crítica dentro de si mesma...encontrando não só o que procurávamos, mas vislumbrando o que nem imaginávamos encontrar... É desta forma que caminhamos rumo ao descobrimento do conhecimento. 
  Todavia, é claro, não deixamos de nos emaranhar num labirinto de dúvidas e elocubrações epistemológicas. O que não nos minimiza ou desconcerta ante o desafio... ao contrário, nos fortalece.  Como bem nos lembram nossos mestres, o que importa não são as respostas , mas sim as perguntas, pois estas é que mostram a direção... Se não fossem as perguntas, como dizer aonde se quer ir?
   Afinal, não é a pergunta no presente que nos remete ao passado? O que vamos buscar atras que não está  a nossa frente? O desenrolar, a raíz, a origem, o problema, a historia . Nesse ínterin o que é o historiador? Um instrumento? Um eco muito bem treinado para prontamente lhe dizer o que foi, como foi, e  quando? Não seria torná-lo apenas prático e informado? O historiador não pode reduzido desta forma , responder... Ele não pode atender a perguntas, se não saberia buscar, e como buscar.
  O historiador é mais que simples reprodutor, simples instrumento de consulta ao passado. Ele é aquele que consegue além das esferas práticas e metódicas  ter uma visão ampla e diferenciada de um mesmo ponto. É aquele que alcança no ar a etérea linha da verdade, ou das verdades, que levemente escapa por entre seus dedos,  convertendo  múltiplas direções apresentadas em um mesmo caminho de busca. É não aquele útil, mais necessário componente de uma eterna construção. Se não servimos para abrir os olhos,  mostrar o que  por muito tempo foi escondido e levar a mentes ignorantes a reflexão maior sobre  o homem, não estaremos servindo para o contínuo desenvolvimento do homem e da sociedade. E muito menos para o olhar crítico dos indivíduos...
  Historiadores do ''mundo inteiro'', uni-vos. Algumas transformações externas e internas, dependem em muito pontos de nós. A tarefa não é das mais fáceis, pois seria como se tivéssemos de retirar um véu, (em alguns casos uma burca) de pessoas que querem muitas vezes continuar usando-o. Será talvez, em muitos casos, como se estivéssemos tolhendo o direito ''legítimo'' daqueles que querem permanecer cegos...será como avisar a um monte de homens numa caverna, que o mundo não é tão somente aquilos que eles pensavam segundo as possibilidades que lhes eram oferecidas...

  

Historiador

Veio para ressuscitar o tempo
e escalpelar os mortos,
as condecorações, as liturgias, as espadas,
o espectro das fazendas submergidas,
o muro de pedra entre membros da família,
o ardido queixume das solteironas,
os negócios de trapaça, as ilusões jamais confirmadas
nem desfeitas.

Veio para contar
o que não faz jus a ser glorificado
e se deposita, grânulo,
no poço vazio da memória.
É importuno,
sabe-se importuno e insiste,
rancoroso, fiel.


Carlos Drummond de Andrade, em 'A Paixão Medida'


 
                                                                                                                                                    Aimée